Uma importante data é comemorada nesta segunda-feira, em todo o território nacional, o Dia da Consciência Negra. Esta data foi escolhida por ter sido o dia da morte do líder negro “Zumbi”, que lutou contra a escravidão no Brasil. A data foi estabelecida pelo projeto lei n.º 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. No entanto, somente em 2011 a lei foi sancionada (lei 12.519/2011).
Este dia serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional, mas também surge para lembrarmos do que esse povo ainda sofre, principalmente quando falamos em relação ao racismo. O nosso país tem hoje a maior população negra do mundo fora da África, e não podemos aceitar que o racismo faça parte do nosso dia a dia. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, intitulada vidas perdidas e racismo no Brasil, o percentual de negros assassinados no país é 132% maior do que o de brancos. A pesquisa explica que 20% da causa da morte de negros pode ser atribuída a “questões socioeconômicas”, como diferenças em relação a emprego, moradia, estudo e renda do trabalhador. Esse diferencial também pode ser visto nas maternidades. Segundo dados oficiais da fundação SEADE (sistema estadual de análise de dados) do estado de São Paulo, a taxa de morte materna nos anos de 2002 a 2004 foi de quase 2200 mulheres entre 25 e 39 anos. Nesse total, mulheres negras morreram quatro vezes mais se comparadas à morte de mulheres brancas. Já uma pesquisa realizada por uma ONG especializada em crimes virtuais registrou em 2016, no Brasil, mais de 35 mil denúncias relacionadas a crimes raciais na internet.
Dados como esses que acabei de mencionar são assustadoramente fáceis de constatar quando falamos do assunto. São histórias de agressão que acontecem no transporte público, no trabalho, nas tarefas diárias e no esporte. É importante considerar, portanto, os grandes efeitos que o racismo causa na saúde física e mental das pessoas.
Segundo uma pesquisa americana, as consequências do racismo podem tornar as pessoas mais sujeitas a ansiedade, depressão e problemas com drogas. Para o estudo, cerca de 4,5 mil pessoas negras com idade entre 18 e 65 anos, foram entrevistadas. Do total, 83% relataram que foram vítimas de algum tipo de discriminação. Cerca de 50% dos participantes afirmaram que sofreram todas as formas de racismo analisadas e 14,7% contaram que passavam frequentemente por situações de discriminação de todos os tipos.
Essa informação pode ter relação com uma triste informação divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em levantamento junto ao fórum brasileiro de segurança pública, a taxa de homicídios da população negra no Brasil superou em quase 2,5 vezes a da população não negra. Os dados são provenientes do instituto brasileiro de geografia e estatística do ministério da saúde e mostra também que, enquanto a taxa de homicídios dos não negros caiu 12,2% entre 2005 e 2015, a de negros subiu 18,2%.
Portanto, em razão dos fatos mencionados, além de claro, um posicionamento mais correto da população no entendimento de que todos somos iguais independente da cor de nossas peles, é necessário que o poder legislativo proporcione mais segurança à população negra, exigindo medidas de punição mais rígidas aos atos discriminatórios, além da promoção de maiores espaços para a inclusão dos negros, seja no âmbito educacional, de emprego ou lazer.