Câmara do Recife debate sobre Rede de atendimento aos usuários de drogas. - Michele Collins

Câmara do Recife debate sobre Rede de atendimento aos usuários de drogas.

Ascom

Ao participar  da audiência pública, promovida, na manhã de hoje, no Plenarinho da Câmara Municipal do Recife que teve como tema “Planejamento do governo municipal no combate às drogas”, a vereadora Missionária Michele Collins (PP), lamentou que na reunião pública de março e nesta audiência, a prefeitura não tenha trazido propostas para apresentar.

foto: Agnaldo LeonelA vereadora aproveitou a oportunidade para lançar a Pauta Recife de combate às drogas.   Esse documento é minha contribuição para o segmento e para a cidade do Recife, cidade em que o uso de drogas é cada vez mais crescente”, disse Michele.

O encontro foi proposto pelo vereador Luiz Eustáquio (PT),  que durante o debate afirmou  perceber que a rede de atendimento do Recife precisa de parceiros, pois é insuficiente.”Na gestão passada houve um concurso e os profissionais ainda não foram convocados. Resultado: os Caps têm equipes incompletas. As portas de entradas dos Caps estão praticamente fechadas”, falou. Ele também ressaltou que o crack é uma epidemia que “mata e mata, joga pessoas nas cadeias”.

Na ocasião, o secretário de Segurança Urbana, Murilo Cavalcanti, admitiu que o problema não é fácil e que é preciso trazer para a cidade uma política ampla e integrada. Destacou que estava para ouvir o debate e que a secretaria faz um mapeamento de todos os bairros. “Sabemos onde ocorrem os homicídios e que as drogas estão entre as principais causas”.

Ele disse que há uma prioridade em ouvir a comunidade e reforçou a necessidade de uma policia cidadã e melhoria na educação. “É preciso quebrar esta lógica perversa de péssima educação para os mais pobres. Um estudo mostra que as 50 cidades que tiveram o pior desempenho no Ideb (índice de Desenvolvimento da Educação Básica) são as 50 cidades mais violentas no Brasil”.

O conselheiro tutelar, Geraldo Nóbrega, lamentou que crianças e adolescentes sejam atualmente tão atingidos pelas drogas. “O problema chega cada vez mais cedo. Hoje temos criança de oito, nove anos de idade no mundo das drogas e, o que é pior, está crescendo o número de meninas que trafica e serve ao traficante com o seu próprio corpo, para conseguir mais droga”.

Já o representante do Condica, Alexandre Nápoles, destacou que o papel da entidade é monitorar como são aplicados os recursos recebidos para o combate as drogas. Aproveitou para anunciar que até junho será lançado o edital do fundo para combate às drogas usadas por crianças e adolescentes.

Na opinião do Coordenador do Conselho Municipal de Saúde, Wellington Carvalho, o tema é relevante para a saúde publica do município.”Estamos discutindo muito a estrutura dos Caps. Recife tem um certa vantagem, mas precisamos ser melhor estruturados na questão dos recursos humanos, espaços adequados, alimentação para os usuários e reconhecemos que temos a necessidade de trazer a ampliação do serviço: consultório de rua, residência terapêutica”, disse. Segundo ele este ano será construído o plano municipal de saúde.

A representante do Conselho Regional de Psicologia, Maria da Conceição, reafirmou a necessidade de fortalecer os Caps através da política do SUS. “O tema abusivo das drogas tem de ser visto sem amarras. Essencial é que a equipe envolva várias áreas profissionais. Queremos construir um parecer dizendo que o Recife tem uma política sobre drogas que é justa e respeita as pessoas”, destacou.

A  complexidade do tema foi reconhecida pela representante da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Gerusa Felizarda.”Temos conhecimento que exige uma parceria entre todos e temos a compreensão de que a nossa rede precisa melhorar. A nossa proposta e qualificar os serviços e ampliar a rede”, disse.

De acordo com a  promotora de Justiça de Defesa e Cidadania da Capital, Heloisa Poliana, há um número reduzido de serviços no Recife. Ela disse que várias mães procuram a entidade quando já perderam o controle sobre seus filhos. “A criança e o adolescente antes de se envolver com álcool e outras drogas já passou por várias outras violações dos seu direitos. Na verdade o problema não reside na ausência de lei, mas na precariedade do atendimento”, explicou.

Vários vereadores também participaram da reunião como, por exemplo, as vereadoras Aline Mariano ( PSDB) e Isabela de Roldão (PDT).

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