Frente LGBT na mira de evangélicos - Michele Collins

Frente LGBT na mira de evangélicos

Jornal do Commercio

Proposta de Osmar Ricardo e Jayme Asfora é condenada pela bancada evangélica na Câmara, que procurou desqualificar a necessidade de criação do colegiado

Publicado em 17/04/2013, às 07h01

Carolina Albuquerque

 Vereadores evangélicos fizeram discursosnessa terça-feira, na Câmara do Recife,  para desqualificar a necessidade da criação de uma nova Frente  Parlamentar LGBT. Na esteira da polêmica nacional com o deputado  federal, pastor Marco Feliciano (PSC-SP), à frente da Comissão de  Direitos Humanos, o tema tem ganhado holofotes na tribuna local. É a  segunda vez que os vereadores protagonizam um embate acirrado, no qual o  que sobram são argumentos religiosos, por parte da bancada evangélica,  apesar de o espaço ser constitucionalmente laico. O projeto de resolução para criação da Frente foi apresentado à Casa  pelo vereador Osmar Ricardo (PT), em parceria com Jayme Asfora (PMDB).  Não é novidade para a Câmara Municipal, porém, a existência de uma  Frente em defesa dos direitos LGBT. A iniciativa foi aprovada na  legislatura passada.

De início, os vereadores evangélicos presentes tentaram arguir que a  criação da Frente não era necessária, já que existe a Comissão de  Direitos Humanos para tratar do tema. Mas os argumentos religiosos  saltaram aos olhos. “Acho desnecessária, tem muitos outros assuntos  importantes, não que esse não seja. Essa questão (os direitos LGBT) é  muito pequena, porque Direitos Humanos não é só isso, tem muitas outras  ações a serem debatidas”, defendeu Michelle Collins (PP), também  vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos. Em outra ocasião, ela  se colocou contra a permissão de adoção por casais homoafetivos.

Em resposta, Osmar ponderou que esse “não é um debate pequeno e precisa  de atenção”. Reforçando, Jayme Asfora (PMDB) lembrou que fóruns de  discussão permanentes sobre o tema existem em outras casas legislativas,  inclusive a Federal. A vereadora Aline Mariano (PSDB), que pela segunda  vez preside a Comissão de Direitos Humanos, disse à reportagem que as frentes  são criadas independentemente das comissões e tem o intuito de dar um  foco maior à bandeira.

Contra a proposição, a vereadora irmã Aimée (PSB) chegou a comparar a  homoxessualidade ao vício do crack. “Nenhum médico leva o bebê a sua mãe  e diz que ele é homossexual, porque isso é comportamental. Levando  também para o lado bíblico, é abominável aos olhos de Deus. Esse tipo de  sexo é uma obsessão e torna-se um vício, como um vício da droga, do  crack.” André Ferreira (PMDB) alegou que “essas pessoas” não são  descriminadas. “Não podemos criar uma superproteção a um segmento que  não é legitimado pela palavra do Senhor”. O vereador petista Jurandir  Liberal rebateu as críticas da bancada evangélica, classificando as  resistências ao projeto como “atrasadas.

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